Ação do MPT contra a MSC Cruzeiros ganha prêmio nacional
A ação civil coletiva movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia contra a MSC Cruzeiros do Brasil pela prática de trabalho degradante em navios de luxo na costa brasileira recebeu prêmio da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT).
A peça processual, de autoria dos procuradores Séfora Char, Luís Antônio Barbosa e Alberto Balazeiro ficou em segundo lugar na opinião do júri formado por procuradores. A petição concorreu com dezenas de trabalhos de todo o país e reforça ainda mais a ação que ainda aguarda sentença da Justiça do Trabalho. Ela é resultado de inspeção em abril do ano passado que resultou no resgate de 11 tripulantes do navio Magnifica, pouco antes de partir do porto de Salvador rumo à Europa. As condições degradantes de trabalho e as jornadas excessivas são o principal objeto da ação.
Segundo o procurador do trabalho Luís Antônio Barbosa, a premiação reflete a importância do tema e seu impacto social. “Essa ação responde a um grupo de trabalhadores embarcados que buscaram o amparo dos órgãos públicos”, avaliou. Ele refere-se ao fato de que o processo resulta de uma série de denúncias que chegaram à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a partir daí foi montada uma força-tarefa para atuar no setor de cruzeiros marítimos. O procurador sustenta que “o Brasil está na vanguarda mundial em termos de proteção ao trabalho, por dispor de instituições com know-how nesse tema, como o próprio MPT, o Ministério do Trabalho e a Justiça do Trabalho, e não se pode entender como justa uma relação que não estabelece fronteiras precisas entre o tempo de trabalho e o tempo de descanso, prática constatada nos navios de cruzeiro.”
Como não houve acordo, em junho do mesmo ano o MPT ingressou com ação civil coletiva requerendo que a empresa seja condenada a pagar as verbas rescisórias dos 11 resgatadas, todos brasileiros, atraídos para o emprego por propostas de que ganhariam em dólar, mas que enfrentavam jornadas de até 16 horas diárias, não tinham direito a descanso semanal, nem férias e ainda sofriam pressão psicológica e até assédio sexual de seus superiores na embarcação, de bandeira panamenha e de propriedade de empresa italiana, uma das maiores do mundo no setor de cruzeiros marítimos de luxo. A próxima audiência do processo judicial acontece dia 29 deste mês, às 8h30, na 37ª Vara do Trabalho de Salvador.
A ANPT instituiu o prêmio Evaristo de Moraes Filho em 1998, como forma de homenagear os relevantes serviços prestados pelo renomado jurista ao Ministério Público do Trabalho e aos seus membros, bem como a toda a sociedade.
ACC número 0000716-07.2014.5.05.0023
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