Tentativa de liberar a terceirização sofre duras críticas em debate na Ufba
Mais de 600 pessoas, entre alunos, professores, funcionários da Universidade Federal da Bahia (Ufba) acompanharam na noite dessa terça-feira (12) o debate promovido pela instituição sobre a tentativa do Congresso Nacional de aprovar projeto de lei que permite que empresas terceirize inclusive suas atividades principais.
O evento foi realizado no Salão Nobre da Reitoria e teve como coordenador o reitor João Carlos Salles. Os três palestrantes, o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho na Bahia, Alberto Balazeiro, e os professores Graça Druck (Ufba) e Ricardo Antunes (Unicamp) – criticaram duramente a base do projeto de lei e enumeraram argumentos para que a sociedade reaja e pressione os congressistas a derrubar a proposta.
A também socióloga Graça Druck aproveitou o evento para citar estudos feitos pela Ufba em relação aos trabalhadores terceirizados da própria universidade. Ela citou casos de pessoas que estão há dez, 15 anos trabalhando em atividades como limpeza e vigilância e que nunca tiraram férias, porque as empresas vão se sucedendo e recontratando a mesma pessoa. “É preciso tirar o terceirizado da invisibilidade”, conclamou, logo depois de pedir que na plateia levantassem a mão os que eram terceirizados. “De mais de 600 pessoas, temos 12 ou 13 terceirizados. Não porque esse debate não interesse, mas porque esse terceirizado está cumprindo duplas e até triplas jornadas e não tem a oportunidade de discutir sequer a sua situação”, avaliou.
Antunes conclamou a plateia a se mobilizar contra a aprovação do projeto. “Uma nova servidão do trabalho está sendo imposta em escala mundial e esse projeto é sua versão no Brasil. Por isso é tão importante debater, como estamos fazendo aqui, e pressionar os políticos para que isso não aconteça”, convocou. Balazeiro reforçou o argumento, afirmando que o argumento de que o PL4330 geraria mais empregos é mentiroso. “Muito pelo contrário, ele reduzirá salários e número de postos, porque o terceirizado ganha menos, trabalha mais e faz a função de dois ou três empregados diretos”. Graça Druck concluiu: “O que está em disputa é a legalização da precarização do trabalho no Brasil”.
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